segunda-feira, 19 de maio de 2014

Cyrela: quando a má notícia é boa notícia

O mercado imobiliário está fraco e “não temos perspectiva de que vá melhorar”.
A frase, dita ao Valor Econômico pelo fundador e presidente do conselho da Cyrela, Elie Horn, chama atenção tanto pela dureza do diagnóstico quanto pela honestidade padrão FIFA.
Numa época em que os investidores cada vez mais desconfiam da sinceridade dos executivos, ouvir o líder de uma grande empresa dando notícias ruins — sem tentar ‘embelezar o pavão’ — tem o efeito de uma injeção de oxigênio num ambiente carregado.
Horn não é novo no ramo de descrever as coisas como elas são. Em 2010, quando ninguém ainda falava publicamente dos problemas no setor de construção, ele foi o primeiro a dizer ao mercado: “erramos”.
Rasgou o orçamento do ano seguinte, refez os planos, e começou a diminuir o tamanho da Cyrela. Sua construtora foi a primeira a admitir os erros, e a primeira a sair da crise.
“Um dos motivos pelos quais conseguimos investir na Cyrela é a confiança nas pessoas”, diz um analista do setor. “Isso vem de cima, do seu Elie, e atravessa a organização toda”.
A transparência se estende à remuneração dos executivos. Ao contrário de alguns concorrentes cujos executivos são incentivados por métricas de curto prazo, a Cyrela remunera seus diretores e gerentes de acordo com metas de horizonte mais longo.
Os engenheiros, por exemplo, que antes eram remunerados com base em sua capacidade de originar projetos com estimativas de margens, agora são compensados pelas margens que realmente entregam.
Isso aumenta a segurança do investidor, e faz com que as ações da Cyrela negociem a múltiplos cerca de 15% acima da média do mercado.
Por Geraldo Samor

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