domingo, 18 de maio de 2014

África do Sul mantém cinco “elefantes brancos” de 2010

GAZETA DO POVO
Quase dois anos depois da Copa da África do Sul, cinco dos dez estádios construídos para a competição são hoje mantidos integralmente graças ao dinheiro público, não conseguem atrair eventos suficientes nem sequer para cobrir seus custos de manutenção e já se calcula que, em alguns casos, custaria menos demoli-los do que pagar por sua manutenção na próxima década. 

 Os dados foram coletados pelo sul-africano Eddie Cottle, especialista que vem estudando a situação de cada um dos estádios do país. Com dados oficiais dos governos das províncias, revela que o contribuinte ainda paga pela manutenção desses “elefantes brancos”. “Esse é o legado da Copa que ninguém ousa falar”, declarou. Segundo ele, entre 2003 e 2010, o orçamento público previsto pelo governo sul-africano para o Mundial aumentou em 1.709%, para um total de US$ 4,8 bilhões (cerca de R$ 8,8 bilhões) apenas para as obras dos estádios e infraestrutura. “Mas o que ninguém se deu conta é que, mesmo depois da Copa terminada, os gastos continuaram”, declarou Eddie Cottle. Para ele, essa conta também precisará ser feita no Bra­­sil, sede da Copa de 2014. 

Segundo o levantamento de Eddie Cottle, o Estádio Moses Mabhida, em Durban, ainda não conseguiu terminar uma temporada sem que a prefeitura não tivesse de intervir e resgatar os administradores do local de suas dívidas. Na Cidade do Cabo, o Green Point exige a cada ano US$ 5,6 milhões (R$ 10,2 milhões) da prefeitura para que possa ser mantido, mesmo com a organização de jogos e shows no local. Tanto Durban quanto a Cidade do Cabo já pediram ajuda ao governo federal para permitir que as dívidas sejam compartilhadas com a administração central do país. 

 Em Porto Elizabeth, o custo de manutenção por ano chega a US$ 8,1 milhões (R$ 14,8 milhões), sempre arcados pelo poder público. Para fazer frente às dívidas, o governo local anunciou no final de 2011 que estava reduzindo gastos de outras áreas em US$ 99 milhões (R$ 181,5 milhões). O Peter Mokaba, em Polok­­wane, e o Mbombela, em Nels­­pruit, são outros “elefantes brancos” de 2010.

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