terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

PEDRO LUIZ RODRIGUES- APAGÃO, PREVENÇÃO OU PAJELANÇA?

Praticamente todas as usinas hidrelétricas das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste  – de onde provém a maior parte da eletricidade consumida no Brasil – estão com seus reservatórios d’água em níveis perigosamente baixos.
Há mais de um ano o governo vem acompanhando, impassível, o agravamento dessa situação.
Todos sabiamos que, em termos de chuvas, 2013 já não havia sido nenhuma maravilha. O que recomendaria o bom-senso, para evitar dissabores no futuro?   Cuidados para evitar o desperdício e racionalizar o consumo.
Pois bem, em vez de seguir o que ensina o primeiro capítulo de qualquer manual básico de Economia – de elevar, ainda que pouco, os preços, para evitar a explosão do consumo -o governo fez exatamente o contrário, por alguma incompreensível razão: baixou o preço da energia ao consumidor.
Até 2012 o governo adotara uma posição mais racional. Mas divisando a chegada do ano eleitoral (2014) decidiu inovar, subsidiando tarifas e eliminando alguns encargos que vinham na conta, como o que financiava o acionamento das termelétricas (de maior custo, para complementar, quando necessário, uma insuficiência na oferta das hidrelétricas) e a que compensava a compra da energia de curto prazo pelas distribuidoras.
A única coisa que ficou mantida foi  a CDE (Conta de Desenvolvimento Energético, mas com um rombo produzido pela redução nas contas de eletricidade que passou a ter de ser coberto com recursos do Tesouro Nacional. Só para tapar o buraco deste ano na CDE o Orçamento reservou R$ 9 bilhões. Recursos que muito possivelmente não baãostar.
No ano passado, esse buraco criado nas contas públicas por iniciativa do próprio governo comeu R$ 7,9 bilhões, por intermédio da emissão de títulos públicos e de uma antecipação de recebíveis (de valor mantido em segredo pelo Ministério da Fazenda) de lucros futuros de Itaipu.
O governo fica impassível, não se mexe. Diz de público, voz firme e sem ruborizar, que não haverá apagão. E pronto, apagão não haverá! Talvez, na intimidade, na calada da noite, caiam de joelhos e façam preces a São Pedro, rogando temporais e inundações, capazes de repor o nível dos reservatórios neste ano de Copa do Mundo e de eleições.
É compreensível que o governo não queira dar o braço a torcer. Afinal, as administrações do Partido dos Trabalhadores sempre apontou como inaceitável e fruto de má gestão a escassez de energia que se observou em 2001 e 2002.
Os dados que diariamente são coletados em nossos reservatórios recomendariam que o Governo se preparasse para, no momento em que julgar oportuno (se as chuvas não vierem ajudar) ter pronto um programa de racionamento ou outro qualquer, de utilização racional e parcimoniosa dos recursos energéticos.
Mas convocar uma reunião técnica para tratar do assunto não ficaria bem para o governo, seria como uma confissão de incompetência.
Com mais discrição, talvez,  se poderia pedir a ajuda da Funai para a realização de uma pajelança propiciadora de chuvas abundantes.
Diário do Poder

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