segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Educação: cada um no ritmo que quiser?

Rodrigo Constantino
Uma matéria no GLOBO hoje fala do projeto Escuela Nova, da socióloga colombiana Vicky Colbert, vencedora do prêmio internacional Wise, realizado em Doha pela Fundação Qatar. Seu foco são salas “multisseriadas”, onde os alunos ganham maior autonomia e aprendem, cada um, em ritmo próprio. As inspirações são Paulo Freire e o construtivismo.
Freire, idolatrado pela esquerda, levou o marxismo para as salas de aula, com sua ideia de “pedagogia do oprimido”. Poucos brasileiros causaram estrago internacional tão grande, mas a maior vítima foi o próprio Brasil.
Já o construtivismo é uma ideia que parece atraente no papel, com cada aluno desenvolvendo seu próprio ritmo de aprendizado e tudo mais. Na prática, porém, o fato é que há uma maneira correta de escrever e 2 + 2 precisa ser sempre igual a 4. A realidade não atura desaforo intelectual. Diz a reportagem:
Na Escuela Nova, o professor não fica na frente da sala explicando: os alunos trabalham sempre em pequenos grupos, cada um deles controlando seu tempo de aprendizado. O que o projeto pretende, diz Vicky, é um “aprendizado autônomo”.
Nada muito novo aqui. A geração de Maio de 68 queria abolir a figura “opressora” do professor, do saber hierárquico, dos limites, das regras, tudo isso estimulado por intelectuais e professores em busca do status de “gurus” e celebridade.
A Sociedade dos Poetas Mortos, com alunos subindo à mesa, gritando, extravasando, todos contra a rigidez do “sistema”. Carpe diem!
Pink Floyd cantando para os professores deixarem as crianças em paz, pois não precisavam de educação formal alguma. Tudo muito bonito, claro. Mas e o resultado?
Com todos os defeitos do modelo tradicional, o fato é que há hierarquia de conhecimento, principalmente entre professores e alunos novos. Também parece claro que é preciso criar regras e normas, impor limites, e cobrar aprendizagem de forma objetiva. Mesmo a memorização tem sua importante função.
Essa coisa de que cada um aprende do seu jeito, ao seu tempo, é discurso bonitinho de igualitário, mas o mundo real é diferente, tem meritocracia, exige conhecimento objetivo, alunos preparados para a cobrança e a competição. “Nós pega o peixe” não é apenas uma forma alternativa de se expressar; é simplesmente errado!
Mas para essa gente, o professor não é um “explanador de conteúdo”, e sim um “mediador”, permitindo enorme “flexibilidade” aos alunos. O mundo concreto não será tão “flexível” com eles na hora de arrumar empregos. Talvez se for para sociólogo de ONG bancada por estado sim, mas outros cargos que criam riqueza costumam demandar conhecimento mais objetivo. Não se constrói uma ponte com base na retórica marxista de Paulo Freire!
Há, ainda, uma subversão na ordem das coisas. Os alunos são instigados a se politizar e a ensinarem seus pais a votar, como cidadãos mais “conscientes”:
- Esse método quer que o aluno se torne cidadão. Então, os alunos participam a gestão da escola. A metodologia prevê que seja criado um governo estudantil, e os alunos eleitos para ele fazem um plano com o que querem para a escola: por exemplo, se precisam de carteiras novas, ou de uma horta para a merenda. Em 98, houve eleição, e os alunos pediram para irem ver os comícios, para dizerem depois aos pais em quem era melhor votar.
Não é lindo? Pequenos demagogos estimulados desde a mais tenra idade, aprendendo a votar por benesses sem a devida preocupação com os custos, e depois dando lição de moral política aos próprios pais.
Quando há “democracia” entre alunos e professores, o resultado costuma ser o que vimos na USP esses dias: festas até de madrugada, com consumo de drogas ilícitas e depredação de patrimônio. Hey, teacher, leave the kids alone!

Nenhum comentário:

Postar um comentário