terça-feira, 4 de setembro de 2012

VIDA EM CUBA


Do querosene para a eletricidade

Imagen tomada de http://www.eateraz.com/
A cozinha já não cheira a querosene, nem as paredes estão negras de fuligem e nem se precisa de álcool para “esquentar” o fogão. A moradia já não acorda com o barulho do fole avivando o fogo e a alergia da senhora não ressurge por causa do combustível queimado. Pela pequena janela não sai mais uma fumaça cinza e a comida não fica com aquele sabor distante de carburante. Já não há mais o medo de dormir e as chamas subirem pela madeira da porta, Já não…
Agora o problema é a conta de eletricidade. A panela de arroz que lhe deram há cinco anos e que teve que consertar uma dezena de vezes. O forninho que lhe entregaram naqueles tempos da chamada Revolução Energética e que parece tragar os kilowatts vorazmente. O refrigerador chinês com o qual substituíram sua velha Frigidaire… E que passa mais tempo descongelado do que congelado. Enfim, agora a grande preocupação vem da conta excessiva de letras azuladas que lhe põem por debaixo da porta.
Se antes perdia o dia buscando combustível, agora lhe vai a pensão nos altos custos da eletricidade. Quando usa o forninho e o aquecedor de água ao menos três vezes na semana já sabe que deverá destinar 80% da sua aposentadoria para custear o gasto energético. Passou de uma dificuldade angustiosa para outra desesperadora. Trocou o teto cheio de fumaça por vários dias ao mês sem eletricidade por falta de pagamento. Antes podia se queixar, blasfemar, gritar para o forninho e clamar aos quatro ventos porque aquele maldito fogão a deixava muito cansada. “Agora já não, porque tudo isto foi “ideia do Comandante”, um “programa do Comandante”.
Tradução e administração do blog em língua portuguesa por Humberto Sisley de Souza Neto
Yoani Sánchez

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