terça-feira, 31 de julho de 2012

Gênese

DORA KRAMER
A tese do advogado de José Dirceu de que Roberto Jefferson "inventou" o mensalão não se sustenta nos fatos. A primeira referência a um sistema de cooptação de parlamentares e partidos para a base de sustentação do primeiro governo Lula foi feita pela revista Veja em setembro de 2004, ainda sem o apelido pelo qual seria conhecido.

Na segunda vez que o assunto apareceu na imprensa, dias depois em reportagem do Jornal do Brasil, já foi usado o termo "mensalão" para definir pagamentos relatados por deputados ao então líder do governo na Câmara, Miro Teixeira. Miro os incentivou a transformar o disse-me-disse de corredores em denúncia formal ao presidente da República, mas ressalvou à época que não subscrevia as acusações.

 Os mensageiros não se animaram a ir a Lula nem ao Ministério Público e o caso morreu. Até junho do ano seguinte quando Jefferson, irritado com o que identificou como um plano do PT para fazer do PTB o bode expiatório da corrupção na base governista, em entrevista à Folha de S. Paulo deu autoria, publicidade e compreensão à narrativa que viria a assumir a dimensão de 50 mil páginas em processo de 38 réus.

 O nome, ação penal 470 ou mensalão, não faz a menor diferença, pois é do substancioso conteúdo que o Supremo Tribunal Federal cuidará a partir desta quinta-feira.

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