Um artigo se somou a saga contra as TICs mantida pela imprensa oficial. Na quinta-feira passada uma reportagem contra a fraude eletrônica deixou muitos leitores de Juventud Rebelde com a sensação de que os celulares são uma fonte infinita de problemas. A explosão de acusações sobre planos desestabilizadores que chegam por SMS e os colapsos das redes provocados por manchetes que viajam de um celular para outro, agora se soma “o lucro pessoal” dos que fazem truques para pagar menos por uma chamada ou por uma mensagem de texto para o exterior.
Todo delito de fraude ou desfalque é condenável, legal e moralmente. Contudo, o contexto em que são cometidas estas infrações deve ser levado em conta. Vivemos sob um monopólio estatal – e absoluto – das telecomunicações. A única empresa de telefonia do país, ETECSA, não tem concorrentes no seu ramo e, portanto, fixa os preços muito acima das tarifas habituais no resto do mundo. Um minuto de chamada para o exterior chega a custar ao redor de duas jornadas de um salário mediano. Com uma população emigrada tão numerosa é fácil imaginar as necessidades de comunicação com o resto do mundo que temos na Ilha.
A isso se soma o limitado e escasso acesso a Internet. Sem contar com as novas facilidades de serviços como o Skype, muitos tem preferido recorrer a práticas fraudulentas a renunciar ao chamado para outros lugares do mundo. Penalizar os infratores que fizeram truque como o chamado bypass de voz não resolverá o problema. Não me imagino como uma senhora passada dos sessenta, com um filho emigrado, arriscando-se a ser multada por fraude telefônica quando poderia pagar apenas alguns centavos chamando via internet. Empurrar uma população ao delito, para depois condená-la por levá-lo a cabo, parece-me – pelo menos – puro cinismo.
Tradução por Humberto Sisley
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