terça-feira, 12 de novembro de 2013

Zé de Abreu: ícone da esquerda caviar, por Rodrigo Constantino

Em meus devaneios narcísicos e megalomaníacos, alimentados pela quarta colocação de Esquerda Caviar na lista dos mais vendidos, fico a imaginar os queridos ícones do fenômeno se digladiando para ver quem teve mais destaque na obra.
Um desses, outro dia, atacou-me nas redes sociais, inclusive focando em adipócitos extras em meu corpo (detalhe: ele não é exatamente um estilo atlético e esbelto).
Interpretei o ataque como revolta por ter sido deixado de fora dos ícones da esquerda caviar. E resgatei dos originais a passagem que o incluía, antes da tesoura brilhante e implacável do meu editor.
Aqui pretendo resgatar outro desses ícones, lá do lixão. Trata-se do ator José de Abreu, figura caricata do momento. Não acho justo ignorá-lo. Em ato de extremo altruísmo, portanto, segue o trecho que acabou ficando de fora da versão final à venda nas livrarias:
José de Abreu
Se tem alguém que parece determinado a roubar o troféu Esquerda Caviar de Chico Buarque, esse alguém é Zé de Abreu. O ator tem feito de tudo para assumir o posto de maior defensor da esquerda socialista entre os famosos. Até para Cuba ele viajou, postando fotos em seu canal do Twitter e Facebook, aqueles sites imperialistas. O homem está em todas!
Em uma foto para a revista Trip, um irreconhecível Zé de Abreu transforma-se em Che Guevara, seu ídolo e guru, o mesmo que eliminou milhares de vidas inocentes, que era um psicopata fedorento, digno de um lixão. O ator pergunta: “Tenho que abrir mão de meu salário na Globo para poder ser de esquerda?”. Ele acha isso ridículo.
Já eu acho ridículo um sujeito com um Rolex no pulso, tal como Che usava (na verdade, Che usava dois logo de uma vez para esbanjar), e com um polpudo salário da TV Globo, odiada por dez em cada dez esquerdistas, ficar posando de “homem do povo” e defensor da igualdade material. Haja cara de pau nessa esquerda caviar!
Mas salários elevados e Rolex à parte, Zé é um homem abnegado. Deu em uma coluna de Ancelmo Góis no jornal O Globo: “Não é fofo? José de Abreu, sempre ele, que está ingressando na carreira política, teve dois terrenos, cada um de 10 mil m2, invadidos por grileiros na Praia de Garopaba, em Santa Catarina. Mas, em vez de chamar a polícia, vai doar os terrenos para os grileiros”.
Fofo? O ator “petralha”, defensor do chefe de quadrilha José Dirceu, deve estar apenas fazendo um cálculo dos dividendos políticos dessa atitude. Será que Ancelmo Gois acharia “fofo” alguém invadir sua casa? Será que ele doaria a casa aos invasores, em nome, digamos, da “fofura”?
Fofo, meu caro, é um gatinho filhote, um cãozinho, um bebezinho. Zé de Abreu não tem nada de fofo. Ele parece ter absorvido por completo seu personagem da novela “Avenida Brasil”, que vivia no lixão armando golpes. Premiar invasores não é fofo nem na China! Mas os “bacanas” (como Ancelmo costuma dizer) da esquerda caviar aplaudem a escória humana, sempre.
Aliás, seria o caso de perguntar como essas notícias chegam até sua coluna. Será que o próprio Zé de Abreu liga para comunicar seu “lindo” ato? Será que a “abnegação” para compensar em vez de punir os invasores tem um frio cálculo de custos versus benefícios, e que a imagem pesa mais que o valor dos terrenos? Não custa nada perguntar…
João Barone, o baterista dos Paralamas do Sucesso, postou em seu Twitter: “A ‘presidenta’ pede que carreguem nas tintas da Comissão da Verdade. Podia se preocupar é com a seca no Nordeste e outros problemas maiores”. Zé de Abreu, demonstrando ser mesmo um ícone da esquerda caviar, esqueceu dos argumentos e partiu para o ataque pessoal: “Baterista é tão importante que os Beatles trocaram. E não mudou nada”.
Nem seria o caso de explicar que outras bandas tiveram no baterista uma figura central, ou que Barone sempre foi visto como um grande baterista por quem entende de música. Isso seria desviar do foco, jogando o jogo da esquerda. O ponto é outro: o que isso tem a ver com as calças, Zé? Que tal responder sobre as prioridades realmente estranhas da sua “presidenta”, que prefere focar na reescrita da história em vez de atacar problemas sérios da atualidade?
Quando a blogueira dissedente cubana Yonni Sánchez veio finalmente ao Brasil, eis o que Zé de Abreu escreveu em seu Twitter: “Vamos dar à traidora a recepção que ela merece!”. Para essa gente, traição é lutar por liberdade, e ser revolucionário é ser terrorista contra inocentes, como Cesare Battisti.
É, Zé, se você aceitar, eu me predisponho a comprar, do meu bolso e sem benefícios fiscais, uma passagem só de ida para Cuba, aquele paraíso que você defende. Creio que, acostumado com o lixão, ainda que artificial e limpinho dos estúdios do Projac, a ilha caribenha lhe será bastante familiar. E lá, para sobreviver, as pessoas comuns acabam tendo que viver 24 horas por dia pensando em pequenos golpes ilegais também, pois a honestidade é duramente punida pelo estado. Boa viagem!

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